Venezuela: da opressão de um povo à posição de algumas esquerdas
Tenho,
ao longo das últimas semanas, evitado falar do genocídio que está a acontecer
na Venezuela.
Fi-lo
por várias razões. Primeiro, porque sempre acreditei que a comunidade
internacional estabelecesse limites, impusesse regras num Estado autónomo mas
que desrespeita há muito as liberdades, os direitos humanos e a independência
coletiva.
Contudo,
o que se passou em Caracas nos últimos dias leva-me a falar de um assunto que
todos nós preferíamos não ter de encarar.
Não preciso recordar os males do regime de
Nicolas Maduro e dos crimes que tem cometido contra a sua própria sociedade e o
seu povo.
Preciso sim lembrar a vergonha das esquerdas
radicais europeias, nomeadamente a portuguesa, leia-se Partido Comunista
Português, que agarrado a uma ideologia morta, continua a elogiar as qualidades
revolucionárias de um regime que limita liberdades, se impõe pela violência e
ajuda a empobrecer um país que se desfaz como areia.
Não há medicamentos. Os supermercados estão
vazios. As estruturas públicas estão em caos. Os mortos continuam a crescer na
lista dos assassinatos. Tudo isto adensando-se sob uma opressão que sedimenta o
desmoronamento social e económico de uma Nação.
Pergunto-me então, até quando a esquerda
portuguesa continuará a apoiar regimes ditatoriais, fechados, que oprimem os
povos. Estamos em 2017 e a Venezuela e a Coreia do Norte são apenas dois
exemplos mais dramáticos da paragem no tempo de uma ideologia que precisa, como
nunca, de ser estancada.
Juntando a tudo isto, que terá Jerónimo de
Sousa a dizer dos milhares de emigrantes que estão a regressar em força a
Portugal, deixando para trás uma vida de suor e lágrimas e que, oprimidos,
ameaçados e espoliados, estão hoje à deriva nas suas terras de origem, sem rumo
nem futuro?
A comunidade internacional é cúmplice pela
sua apatia, como há muito já sabemos. O desfecho que se segue na Venezuela tem
um carimbo criminoso interno mas será igualmente acompanhado pela fraqueza dos
líderes mundiais e das suas organizações.
Até ao fim da linha, muito sangue será ainda
derramado, porque ditadores como Maduro não pararão nunca. Nunca.
*Crónica de 7 de agosto de 2017, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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