A hora de Nuno Melo.




Depois de Pedro Mota Soares ter confirmado que não se candidatará à liderança do CDS-PP, restam dois nomes. E decidi escrever este post porque considero que esta é a hora de Nuno Melo. Conheço o atual eurodeputado há mais de uma década pela mão do jornalismo. Aos 49 anos, Nuno Melo, eurodeputado desde 2009 e vice-presidente do CDS, tem no currículo um percurso puro e duro na política partidária nacional e à moda antiga, como eu costumo dizer. Durante 10 anos foi deputado na Assembleia da República (AR), onde foi quase tudo, líder da bancada parlamentar, vice-presidente da AR e esteve na linha da frente da famosa Comissão de Inquérito ao BPN. Não me recordo, nas inúmeras entrevistas que lhe fiz desde 2004, de nenhuma, em que não lhe tivesse perguntado «para quando a liderança» do partido. Nunca foi o seu tempo. E era verdade. Era o tempo de Paulo Portas. Mas este é o tempo do atual vice-presidente de Portas, porque reúne, mais do que qualquer outro, as condições que se impõem: é consensual nas bases e o único (no ranking de opções) capaz de unir o CDS neste tempo de Oposição e de novo ciclo político pós-Troika. 

Retirado da entrevista à Revista O Instalador - Abril de 2012


Um tempo em que o xadrez do suporte parlamentar mudou e em que nada será como antes. É certo que depende unicamente dele. Mas, Assunção Cristas já lhe abriu o caminho já que a antiga ministra da Agricultura fez questão de dizer, ainda que indiretamente, que só admite a possibilidade de avançar se Nuno Melo não quiser. Em abril de 2012, numa entrevista para a Revista O Instalador, na Sala Ogival do Castelo de São Jorge, em Lisboa, Nuno Melo reconhecia que as condições da coligação de centro-direita à época eram «difíceis» mas que o país «estava no bom caminho». Falava da sua experiência nos corredores do Parlamento Europeu e do que mais o preocupava a nível nacional. Em 2015, numa outra entrevista, que me concedeu ao Agronegócios, voltava a não colocar tal hipótese. Tido, desde sempre, como famigerado futuro sucessor de Portas à frente do CDS, rejeitará agora o caminho natural que sempre o esperou? Só ele o sabe, mas nós por cá, apostamos que não o fará. Tal como nos casos de Mariana Mortágua (BE), João Oliveira (PCP) e Leitão Amaro (PSD), só para dar alguns exemplos, a verdade é que os partidos precisam de se regenerar com quadros jovens, profissionais e combativos. Só assim será possível manter a raiz ideológica viva. Só assim podemos ter esperança, enquanto cidadãos-eleitores, do futuro. Sem partidos não há país. Por tudo isto, é essencial que a tal refundação se faça. É esse o caminho que pode aproximar, neste tempo novo, eleitores de eleitos. 


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